Faz tanto tempo não te escrevo assim
Sei que esta vou te entregar...
A verdade é que escrevo sempre!
No que escrevo ficam minhas dores
Fica a perda, a falta...
Tanto tempo se passou
Mas, no íntimo ainda me sinto
Como sobrevivente de um naufrágio
Sabe qual a sensação?
Estou bem e de súbito
Preciso estar só
Recarregar uma energia
Que se esvai como uma infiltração
Imperceptível, mas danosa
Sinto tanta falta sua
Das nossas conversas
Do respeito e admiração que lhe tinha
Da forma inusitada que me fazia ver a vida
As coisas mais simples num segundo
Tinham um significado singular
Como se já tivesse te perdido
Não tenho a sensação que ao atravessar a rua
O senhor estará lá
Sei disso por que já o fiz
E encontrei tudo
Menos o mestre, o meu amigo
Amo a lembrança do ‘tinho’ das férias
Quanta saudade sinto!
Não, não fui eu que me afastei!
Me perdi do senhor
Como em uma multidão
Em que te procurava
Mas nenhum rosto era o seu
Talvez no fundo, ainda esteja te procurando
Ainda tenha a esperança
De te reconhecer entre várias pessoas
E correr ao teu abraço
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