O SEMELHANTE

 É aquele que amo gratuitamente

Suas dores são as minhas dores
Minhas lágrimas confundo com as suas
E finjo não ver que não é igual a mim

Com ele aprendo
E por ele rezo
Sim, tento salvar
Uma parte de mim

A decepcionante cólera
Que salta aos olhos
Revolve as entranhas
Quem me alcança com o punhal?

Claro que não percebe
Uma inteligência demoníaca
Presume a burrice Santa
Daqueles que são benquerença

Que seu momento
Irremediavelmente chegue
Daquela dor que alcança
Ao cumprir a sentença

A raiva é momento primaz
Que figura mil certezas
Na qual nós lançamos cegos
Ao abismo do medo

O despojo tão diferente
Dez mil tombaram à direita
E ao final de tudo nada faz sentido
Porque é uma nova vida

Meu semelhante nunca vai ser igual
Em tempo ou dor real
De mim diverge
É anterior ou ulterior

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