CÚMPLICE

Nosso crime não é hediondo

Muitos queriam viver tal relação

Tanta riqueza em dois corações

Enquanto a maioria jaz vazio


Sensação de poder imensa

Pela intuição certa da reciprocidade

Indiferença com o pequeno mundo

Ante a imensidão da sombra do amor

O outro que habita


Se não nos vemos

Talvez a presença seja maior

Lembranças, dor de saudade

E a imaginação voa

Criando os scripts

Dos próximos encontros


O resto é passatempo

Quando nos damos conta

Nada mais causa o efeito de delírio


Uma prisão de segurança mínima

Onde somos nossos próprios carcereiros

Sofremos por opção - a dor prazerosa

O alívio é a cumplicidade


Esta é a ilha deserta, por certo

Onde não importa os papéis que desempenhemos 

Numa sociedade material e pouco humanista 


Após permitir que tal sensação nos preencha 

Não importa que nunca mais nos encontremos 

Sobreviverá infinitesimalmente esta fagulha 

Prestes a incendiar ante um reencontro


Será um capricho, o amor?




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