MADRUGADA (21 de março de 2020)

Fomos convidados para uma festa muito especial
Todos!
Não importa a classe social
O Status ou a importância
Os títulos ou dons
A raça ou a crença
Nem mesmo a descrença importa
O sexo ou gênero
País de primeiro ou terceiro mundo
Governante ou Governado

Quem convida é o Rei dos Reis
O convite Dele é imperativo
Parte dos que receberam o convite finge ignorar
Outros estão bem cientes, mas se rebelam
Alguns se apresentam como cordeiros por dever ou precisão
Outros se recolhem por dever ou medo
Uma parte luta do lado de fora e pede que outra parte trave batalhas espirituais do lado de dentro
Em cada crença há um entendimento desse momento
Mas é um momento de reflexão!
Para que ninguém diga ter sido pego de surpresa

Eu sei que Dele vim e para Ele retornarei
mas isso não me afasta a angústia no peito
E agradeço a Ele por ter parado o tempo
Para o exercício do livre arbítrio
Sou filha de um pai negro e uma mãe branca
Na adolescência comecei a entender
porque esse amor foi tão conturbado
Com dificuldade educaram 5 filhos
e o meu pai com orgulho diz: todos são formados!

Falei com os dois por telefone, são separados
São idosos, 80 e 88 anos, ambos afastados de mim e dos netos agora
Mas percebo que o amor entre eles, tão escondido pelas mágoas
nesse momento sutilmente se revela
Mantiveram-se fiéis, cada qual em sua ilha
Ontem, ao telefone, meu pai, vagarosa e fragilmente
recitava um poema fixado a sua porta – Instantes
ahh “se eu tivesse outra vida pela frente”

Meus filhos dormem
Agora, sim, posso tirar a armadura
e clamar ao Pai Eterno –Onde estás?
Não me surpreende minha convulsão de lágrimas
Tampouco Seu sinal diante de meus olhos
-uma pequena nuvem cor de fogo com raios brancos
E sua voz inconfundível reverberando em minha mente
-Eu sou seu Deus, não temas!
Repito: se possível afasta o que está por vir
Imediatamente, corrijo: mas seja feita a Sua vontade
Ao menos, ordena, no momento da dor maior, que seus anjos estejam conosco

Estamos todos amedrontados
Contudo, o medo afasta medos menores
Decido pela exposição virtual
Minha fé é pautada pela intimidade com Ele
Vividos em diversos outros momentos de angústia
Meu peito dói, mas é de angústia
Tenho medo da dolorosa morte solitária
E mais ainda da perda dos que amo sem a possibilidade
de estar com eles no momento da dor e solidão
Tenho medo de não suportar a minha incapacidade de salvá-los

Sim, Pai eterno, És meu Deus!
Perdoa-me por temer o que está por vir
Apesar de já ter experimentado outras vezes
Perder tudo, como Jó, e ser restituída por Ti abundantemente!
De tal modo que as dores passadas só são hoje
Meu alicerce de Fé!

Nenhum comentário:

Postar um comentário