MEDIDAS

Alguém me disse
Na gastronomia não suporto medidas
Alço voo nessa afirmação
Deveras surpreendida

Já sentia que cozinhar
é uma forma de amar
como também de arte
arte de amar

Contudo não me parece lógico
Cozer sem quantidades
No mínimo desordem!
Ou talvez liberdade?

Resolvo mitigar o dano
que provoca a entropia
Resolvo colocar lado a lado
um prato, um amor e uma arte

Percebo que grandes amigos
eles se tornam
De súbito os percebo íntimos
Passo a acreditar que sempre foram

Fico com aquela impressão
fui a última a saber
Ou distraída
Por que também já os conhecia

Com a arte sempre fui íntima
No amor - minha rebeldia
Contudo na cozinha repreendida
Que belos pratos eu fazia

Cozinhar com quantidade
Que sandice!
Não cabe no amor
Muito menos na arte que é livre

Por um instante esqueci da lembrança
do meu pai que dizia
Quero você pensando
E não com iguarias

Hoje meu velho
não temas
Pois cozer não me escraviza
Antes uma satisfação infinita









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