DESPERTAR

É tão inusitado

Esse ficar à vontade

Em ambiente estranho


Você chega, confunde tudo 

E o que era desconhecido

Agora, familiar


Acho graça 

Como algo pode se desenvolver

Com tanto desdém

E ir tomando força 

A ponto de me assustar


A sensação de estar vivo

É a de buscar

E sem o amor presente 

Não há esta sede


Como eu me descubro ou me perco

Dos meus padrões invioláveis 

Acredito ter a ver com você 

Ou melhor, tem a ver com esta química

- nossos gostos comuns


Querido

Por que é tão difícil dizer que te amo?

Talvez eu duvide que isto exista 

A interdependência obrigatória 

Que força os que amam 

Um dia se negarem


Prefiro a interpolação

Não negar, nem afirmar

E filtrar este cheiro, este tom

Fazer um depósito que enriqueça, fortaleça 

E assim sorrir e enxergar muito mais 


Surpreendo-me fazendo coisas

Como se eu não mais me pertencesse

Meu corpo obedece a ordens distantes 

Vibrando com tal singularidade

Que não sabia coexistir em mim





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