GAIOLA

 Sangra de raiva a alma

ser tolhida por mera liberalidade

Repele o convite sutil

a replicar este jogo de algozes


Quem ama respeita a liberdade

Aprende a andar com cautela

Na estrada de cicatrizes

Beijando cada ferida


Parece tolo dizer

O que quer você?

Não coleciono tempo

Vivo a verdade 


Não me machuque

nem force minha réplica

Meu silêncio já é um basta

para tudo que me engasga


Nunca acreditei mudar ninguém

não espere me moldar

Minha forma é única

espero que a sua também


Podemos nos conhecer

dizendo tudo que pensamos

desde que assumamos os prejuízos

das ruínas e artifícios


Estou em outro momento

quero companhia leve

no meio da guerra

navego melhor sozinha


Desprezo o quente seguido do frio

numa sintonia uniforme

Adoeço na constância da loucura

da reza de outra cartilha


Quero minha temperatura habitual

quero o costumeiro suportável

quebrado seja em altos, médios ou baixos picos

no meu momento, na minha escolha


Gostaria de igualmente livres

os seres que me rodeiam

mas alguns aprisiono

protegendo-os de si mesmos


Não eu! Já quebrei, já emendei

tantos cuidados insensatos

só criam obstáculos

a minha capacidade de amar 


Nenhum comentário:

Postar um comentário