TESTAMENTO

 Se um dia eu me for

Como vai um suicida

Não chorem por mim


A meus amigos e amigas

Tenho a dizer

Que o amor que senti por vós 

É maior, bem maior

Que a dizima infinita 


Que fiz amor com todos vos

Inúmeras vezes

Sem sexo

Pois sinto a dádiva do orgasmo universal


Suas simples presenças 

A forma como os descubro

Em suas essências e grandezas

No mergulho de um olhar

No tocar de suas energéticas peles

Ou na vibração desta distância

Que une nossas almas em uma só sintonia


Peço-vos não deixem de acreditar 

Em suas belezas interiores

Porque vocês as têm

Eu digo!

Por mais punitiva que sejam suas consciências 

E aí está a beleza em si!


E os que agora

Não sintam suas consciências falar-lhes

Não se preocupes

Eu as ouvi por vós


Vocês

Amigos, amigas

Que não separo

Pela limitante presença ou ausência 

De um parentesco

Nem tão pouco 

Por suas condições sexuais 


Porque tive tesão pelos vossos interiores

Encobertos por uma couraça

Que nada mais é que o reflexo de vós

Feios- quando medíocres

E ignorantes (da ignorância intuitiva), cheios do nada

Belos -no justo equilíbrio de suas análises


Rezo por vós 

Numa prece silenciosa

Que é a ânsia pelos seus sorrisos


Quero dizer-vos

Que vou

Pois no auge do prazer que é viver

Fico triste com os muitos seres que são frustrados

Que assim querem ser

E espalham suas lamas 

Por este belo mundo, país

Estes seres são meus inimigos

E mesmo a estes peço

Não chorem por mim


Por mais que seus olhos ardam

A auto traição será observada por todos

Vocês não suportariam

Suas fraquezas são uma imensidão

Despeito por incapacidade de ser feliz

E por isto transformam meu país em uma "zona"


Ao povo

Estes teleguiados

Que não possuem nem veias

Quem dirá sangue a corré-las

Deixo minha indiferença 

E lhes poupo de ódio ou amor


A minha mãe eu peço

Acredite que fui viver 

Em outro país

Com outro povo

Que és uma amiga

E deves compreender o momento da partida, da despedida


E nos diremos até logo

Pois tudo é como acreditamos

E queremos que seja

Apesar de não acreditar


Não te abandono!

Te mostro que a verdadeira realidade

É o que somos

E o que sentimos

Isso é nossa individualidade


Nos pertencemos com a paixão do querer

Mas isso não implica 

Que possuímos ninguém 

Pois somos como as gaivotas

No clássico voo nos ares


Te amo 

Só não prometo amar-te sempre

Pois não sei o quanto nos permitem 

A lembrança de alguém

Mas estarei enquanto puderes

Dentro de ti e te amarei sempre

Através do amor que guardarás por mim


Deixo-te a minha pessoa

Como quem se despe

E rogo-te seja forte!

E ignores minha ausência


Seja uma vitoriosa

Pois no mundo não existem 

Lugares (decentes) para fracos

Coisa que não sou e não permito que sejas

E para loucos, apaixonados

O que sempre serei


À minha Inha

Eu lembro

Tudo que passamos juntas

E que isso fez parte da construção do meu ser

E que meus sentimentos 

Tiveram em primeiro uma expressão

Na tentativa da tua forma


És pois, eternamente

Minha criança grande

E como hoje

Sou uma ebulição

Deste líquido de vida


No extremo prazer

Rompe-me um soluço

Numa dor funda

E jorram as lagrimas da minha felicidade

Que são da cor da paixão


Sei que pouco me conheces

Mas o conhecimento de mim

Me foi o extremo e intenso

Dentro do que permiti e desejei






  

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